sexta-feira, 10 de maio de 2013

O Romantismo brasileiro

Ao delinearmos nossos objetivos em busca do conhecimento da vasta e grandiosa arte literária, percebemos que ela é a expressão mais pura do artista, considerando seus sentimentos, opiniões, desejos, e, sobretudo, sua maneira de conceber a realidade que o cerca por intermédio da linguagem, repleta de ornamentações e de uma extrema subjetividade, com vistas a despertar no leitor um instinto de reciprocidade com a magia vivida pelas emoções.

Aliada a esta concepção, é importante sabermos que mesmo tratando-se de algo ligado à individualidade, o artista, assim como todo ser pertencente a uma esfera social, vive à luz dos acontecimentos e que de certa forma se deixa influenciar por esses. Assim sendo, toda criação é pautada sob uma corrente ideológica – fruto de um contexto histórico, social e político ora em voga.

Munidos desse conceito, sentimo-nos aptos a compreender a criação artística que norteia as chamadas escolas literárias que representam o conjunto de obras preconizadas pelos nossos artistas.

No intuito de representá-las, enfatizaremos o Romantismo, surgido em 1836 com a obra Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves de Magalhães. Imbuídos de um sentimento nacionalista, em virtude da Proclamação da Independência, os representantes do período em questão, uma vez fartados pelo longo processo de submissão ao controle lusitano, tinham por objetivo retratar uma arte genuinamente brasileira, identificando-se com as raízes históricas do país, com a terra, as tradições e os costumes nativos. 

Retratando tal sentimento ufanista temos a figura do índio, caracterizado como sendo o herói nacional, cuja concepção está diretamente ligada à teoria “do bom selvagem”, sob a ótica do filósofo suíço, Jean-Jacques Rousseau, ao defender que todos os homens nascem livres, e a liberdade faz parte da natureza do homem.

O Romantismo, tal qual os demais estilos de época, se caracteriza por determinados aspectos que lhe são peculiares, levando em consideração todo um contexto social reinante. Vejamos, pois, cada um deles:

* A natureza como coparticipante das expresões individuais – Como o Romantismo se volta para a profunda valorização do “eu”, a natureza exerce uma relevante influência ao participar ativamente desse “revelar” subjetivo, na qual muitas vezes se torna um refúgio ideal para o artista.

* A religiosidade – Tentando refugiar-se das intempéries proporcionadas pela realidade circundante, o autor parte pela busca da espiritualidade/religiosidade vista sob um plano superior e capaz de superar as mazelas proferidas pelo universo terreno. 

* A idealização do amor – Constituindo o tema central da era romântica, o amor funciona como regenerador do caráter humano. Sendo as virtudes uma vez abnegadas, estas se recomporão por meio do fenômemo amoroso.

* O mal do século – Característica estudada posteriormente, se perpetuou de modo específico na segunda geração romântica, influenciada pelo poeta inglês Lord Byron, designava toda a melancolia e pessimismo que rondavam o cotidiano dos escritores que viveram na referida época.

* Escapismo como fuga da realidade – Tal realidade, quase sempre tida como opressora, despertava um instinto de revolta e indignação por parte de seus integrantes. Dessa forma, os autores encontravam na natureza, na morte, no passado histórico, nos mais variados cenários exóticos, no sonho e na imaginação e até mesmo na loucura um artifício para se refugiarem ao se sentirem incapazes de lutar contra tal imposição.

* Liberdade de criação – Cercados por um individualismo e por uma intensa subjetividade, os autores românticos preconizavam a liberdade de criação no que se refere à temática e à forma, rebelando-se contra quaisquer imposições que porventura influenciassem o seu modo de expressar. 


Diante do exposto, podemos notar que o Romantismo perfaz-se de características próprias, reveladas pelo gosto estético e pelo estilo individual de seus representantes que, de forma magnífica, o revelaram por meio de suas grandiosas obras, sejam essas prosaicas ou poéticas.



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